sexta-feira, 1 de julho de 2011

Entrevista com o Prof. Luiz Gonzaga, Relações Públicas, sobre o mercado de trabalho das profissões da área de Comunicação Social em Alagoas concedida

Entrevista concedida pelo professor Luiz Gonzaga, ex-coordenador do curso de comunicação social da Universidade Federal de Alagoas ao jornalista Roberto Ramalho.

Um dos principais e mais destacados profissionais de Relações Públicas em Alagoas, Professor Luiz Gonzaga de Alencar, ex-presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, seção Alagoas - ABRP-AL, em várias gestões, atualmente administrando os destinos do Conselho Regional de Relações Públicas Alagoas – Sergipe - CONRERP-AL-SE, nos concedeu uma entrevista exclusiva sobre assuntos relacionados ao mundo da comunicação em Alagoas, sobre o mercado de trabalho para os atuais e futuros profissionais do setor, e questões relativas à profissão de Relações Públicas.

P - Professor Gonzaga: como está o mercado de trabalho para o profissional de Relações Públicas em Alagoas?

R – Pode-se dizer que o mercado de trabalho para o profissional de comunicação ele está em fase de reconhecimento pelas suas necessidades. Cada vez mais as empresas reconhecem que se não contarem com uma boa estrutura de comunicação não poderão fazer frente ao mercado que está cada vez mais globalizado, e ela (comunicação) é o instrumento fundamental para essa integração de mercado local, regional, nacional e, sobretudo, internacional. Por esta razão que o mercado está crescendo muito para os profissionais de relações Públicas e Jornalismo.

P – Quem em sua opinião teria mais capacidade para oferecer serviços de assessoria de comunicação: o profissional de Jornalismo ou o profissional de Relações Públicas?

R - Na verdade, os dois têm capacitações diferenciadas. O profissional de Relações Públicas está mais bem preparado para gerenciar, coordenar uma atividade de assessoria de comunicação, porque ele tem em seu currículo uma formação específica em administração, planejamento, coisas que são indispensáveis para que o comunicador interaja melhor com o administrador. Enquanto os colegas jornalistas se recentem desses instrumentos que citei, ele tem uma formação eminentemente técnica de jornalismo, de capacitação para a produção de textos, ou seja, para o trabalho específico de jornalismo, como a produção de textos seja no veículo impresso ou na mídia eletrônica. Então, esses instrumentos fazem falta quando ele vai assumir uma assessoria de comunicação. Basta você observar que só conseguem chegar à chefia da assessoria de comunicação depois de muitos anos de serviço, calejados com a prática jornalística e que vão se inteirando das reais necessidades do mercado, das empresas, e com isso terminam falando a linguagem da administração. Então, nós, profissionais de relações públicas, por termos na nossa formação básica de nosso currículo disciplinas da área de administração, como Planejamento de Relações Públicas, por exemplo, entre outras, temos uma maior facilidade de coordenar uma assessoria de comunicação.

P. Apesar desse nível de preparação e conhecimento a realidade em Alagoas é bem diferente. Por que as empresas públicas e privadas de uma maneira geral e os políticos em sua maioria na hora de contratar um profissional de comunicação, dão preferência ao profissional de jornalismo em detrimento do profissional de relações públicas? Qual a razão para esse motivo?

R - Essa é uma visão distorcida que ocorre felizmente da parte de alguns empresários e de alguns dirigentes de organismos públicos. Na verdade o que eles querem não é fazer a comunicação da organização para com a sociedade, o que eles querem é se auto-promover. O que eles querem é que o jornalista seja uma espécie de arauto, uma espécie de divulgador dos seus feitos, das suas capacitações. Então, distorcem a finalidade da comunicação transformando o comunicador que seria uma peça fundamental para promover a organização num promotor pessoal deles como se fosse um promoter para promover o dirigente. Basta se vê esses jornalzinhos internos com quatro páginas que fazem por ai em que se chega ao cúmulo de ver o retrato do presidente da empresa. Ë o excesso de endeusamento. Esse seria o motivo maior dessa preferência, porque na verdade a vantagem que o jornalista leva nesse caso é que eles têm o veículo na mão. Ele trabalha para um jornal, para uma emissora de rádio, para uma emissora de televisão, então ele tem uma maior facilidade, um contato direto para fazer essa colocação do dirigente nas páginas dos jornais... (interrompo para questionar)

P. Seria uma espécie de culto a personalidade, então, além de meros reprodutores da informação?

R. Exatamente, exatamente. Infelizmente existe isso, não é? Na medida em que um empresário vai reconhecendo da necessidade de se comunicar com a sociedade através de uma comunicação com seus diversos públicos, ai ele vai sentir a necessidade da existência de um profissional de Relações Públicas que não só vai se relacionar com a mídia para promovê-lo e a sua instituição, como manter um relacionamento com os demais públicos, como o interno, com a comunidade, com os seus concorrentes, com dirigentes governamentais, etc. Felizmente hoje em dia muitos colegas de jornalismo estão percebendo esse tipo de trabalho, já estão assumindo esse papel de não ficarem apenas a serviço do empresário para divulgá-lo. Assim, tornam-se comunicadores da administração em vez de serem administradores da comunicação. Tem um colega meu que diz que há muitos assessores de imprensa que se transformaram em “moleques de recado” entre aspas, porque passam a dizer somente o que os dirigentes das empresas querem. “Diga isso”, “diga aquilo”. Então o jornalista se limita a reproduzir o que o dirigente diz a ele. Em vez de ele produzir informações estratégicas da organização, a política global d comunicação da empresa, sua importância, seu significado, sua contribuição. Esse é o problema! Essa uma situação lamentável que infelizmente não dá para superar de imediato, mas que tem que ser feita aos poucos. O próprio mercado vai exigindo dos empresários que aquelas empresas que conseguem vender isso sai na frente. Eu estava constatando recentemente que o índice de mortalidade de nossas empresas é terrível. O IBGE mostrou que de cada dez empresas no Brasil mais de sessenta por cento fecharam. Esse é um índice muito alto. E por quê? Porque os dirigentes não têm em grande parte a capacitação técnica para gerenciar, como também, grande parte não tem a capacidade de se relacionar, de se comunicar, para poderem digamos assim criar um relacionamento que assegure a sua continuidade como empresa. Há muitas falhas nesse sentido. Hoje em dia tão importante quanto à capacitação técnica é a capacitação interpessoal, ou seja, de se inter-relacionar, de se divulgar uma empresa, certo?

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Entrevista com o Prof. Luiz Gonzaga, Relações Públicas, sobre o mercado de trabalho das profissões da área de Comunicação Social em Alagoas concedida ao jornalista e Relações Públicas Roberto Ramalho. publicado 30/01/2010 por Roberto Ramalho em http://www.webartigos.com